12 dezembro, 2007

Parte 12: Na Terra dos Britos

ver parte 11

A escuna rapidamente chegou à frente da enseada .

As velas foram parcialmente baixadas para reduzir a velocidade da embarcação. Era preciso verificar com o prático, que se encontrava a bordo, qual o melhor local para adentrar a baia, pois a maré estava baixa, tornando o meio da baia impraticável em face de pequena profundidade, pela existência da coroa de areia que cortava quase toda a extensão.

Neste local e na parte norte, onde formava um remanso de calmaria, nem pensar. A escuna encalharia na certa.

Só restava a parte sul, bem junto ao calhau, onde existia um canal estreito, mas profundo, que permitia a navegação da embarcação.

Todo cuidado era pouco, pois o início da maré de enchente, aliado ao forte vento nordeste, criava ondas bastante acentuadas, que poderiam jogar o barco sobre alguma das inúmeras lajes submersas existentes nas proximidades.

Longas vergas de bambu foram empunhadas pelos marinheiros, para auxiliar na travessia junto às pedras.

Com todo o cuidado foram atingindo o estreito canal e apenas com a vela pequena hasteada, para reduzir a velocidade da escuna, foram adentrando a baia.

Apesar das dificuldades de controlar a embarcação, que por diversas vezes esteve a ponto de se chocar com as rochas, a travessia do canal transcorreu em ordem.

O vento ainda soprava forte dentro da enseada, na parte por onde entrara a embarcação.

Ergueram a vela grande para fazer o resto do percurso na área conhecida por fundão.
Dez minutos depois as velas eram ferradas, e a embarcação fundeada a uns l00 metros da praia, e de uma das casas existentes no local.

- Vamos desembarcar utilizando os salva-vidas, pois não há trapiche, e a profundidade não permite que se embique na praia, falou o piloto da escuna.

- Sim senhor, vou organizar os homens para que formem grupos de 6 pessoas em cada lancha, falou o tenente Mello.

O desembarque foi rápido, em pouco mais de l hora estavam todos na praia aguardando as ordens do chefe da expedição. Ao contrario da expedição da Lagoa, estavam descansado e pronto para o trabalho.

Enquanto organizavam o material e as equipes de trabalho, cada qual se dedicou a contemplação do cenário, tirando as conclusões sobre as possibilidades oferecidas pelo local.

O local não estava totalmente despovoado. Se avistava algumas casas isoladas, e roças perto a estas, inclusive pastos com algum gado bovino. Eram poucas, cinco ou seis no total. Mas já era um bom começo, pois teriam pessoas que conheciam bem o local podendo ajudar caso algum imprevisto surgisse.

Bem próximo de onde desembarcaram havia uma bonita casa de quinta, com três janelas e uma porta na frente. A pintura branca desbotada indicava que já estava ali há alguns anos.

Apesar destas casas, havia uma mata virgem serrada, praticamente intocada, salvo próximo às moradias. Havia, portanto terras em abundância, só esperando os que quisessem fase-lá produzir.

- Senhores: chegou a hora de começarmos a conquistar esta terra virgem para os nossos. Já estive aqui outras vezes e posso garantir que existe água e madeira de boa qualidade em abundância. É preciso tomar cuidado com os insetos chamados de mosquitos e borrachudos, além de cobras, outros animais selvagens. Quem se afastar em direção do sertão terá que tomar cuidado com os índios. Agora vamos ao trabalho começando pelo desmatamento da sede da freguesia, que será exatamente onde estamos. Terá 180 braças de frente por 360 de profundidade. Falou o tenente Mello.

A tarefa foi iniciada. Muito trabalho os aguardava pelos próximos dias.

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