18 setembro, 2009

O professor como elemento motivador do processo de ensino -Aprendizagem em classe, no ensino básico- Uma necessidade para além dos postulados teóricos

Pensar o processo de ensino-aprendizagem na escola básica, a partir dos postulados filosóficos que orientam as linhas de abordagens teórica-metodológicas dos profissionais egressos dos curso de graduação e pós-graduação das áreas e ciências humanas, que preparam profissionais para atuarem neste nível de ensino é fundamental é necessário. No entanto, a teoria nem sempre é descodificada, ficando nos postulados filosóficos, sem produzir efeitos concretos na “população alvo” destas teorias - os alunos.

Esta dicotomia pensamento educacional e aprendizagem efetiva, tem sido um imenso desafio aos educadores, que a cada dia, buscam equacionar as teorias/ações que viabilizem o alcance de resultados, para além da teoria, propiciando ao aluno a produção de conhecimentos a partir do processo ensino aprendizagem em classe.

As condições mínimas para que haja a produção de conhecimentos em classe estão cada vez mais distantes da realidade da sala de aula.

De quem é a culpa deste confronto latente, que em muitos casos, chega a via de fato, impedindo que haja clima favorável ao processo de ensino-aprendizagem em classe?

Parece que são muitos os elementos que contribuem para a configuração deste quadro preocupante em muitos casos, caótico em outros, que vem tornando as atividades de magistério um verdadeiro calvário para os profissionais da educação.

Professores e alunos não se entendem, distanciando-se de uma relação cordial, para viverem confrontos de espaços e saberes; cujos resultados se refletem na qualidade do ensino, com pouquíssimos resultados na produção de conhecimentos em classe, que se limita quando as condições permitem, basicamente na reprodução de conhecimento livrescos.


É preciso relacionar algumas questões que estão no eixo deste desconforto acadêmico/escola básica, sob pena de continuarem a afirmar que tudo não passa de desinteresse dos alunos.

Infelizmente é preciso dizer algumas verdades, que a muito tempo estão adormecidas, em nome de um ensino libertário, sem a responsabilidade de uso de alguns instrumentos que dizem com equilíbrio as relações professor-aluno em classe.


Como relação a formação acadêmica dos alunos das licenciaturas/ magistério tem-se que chamar a atenção para alguns pontos graves, que estão sendo negligenciados:
  • A formação dos professores tem priorizado teorias e não instrumentos efetivos de ação/ aprendizagem em classe;
  • As “ pré condições mínimas pessoais” necessárias ao efetivo exercício do processo de ensino-aprendizagem em classe são negligenciadas, diria mesmo, em muitos casos, ignoradas, durante o processo acadêmico, seja por falta de coragem de cobrar as condições mínimas pessoais para exercer a nobre função de professor, seja por não serem muitos dos profissionais que ministram o ensino acadêmico comprometidos com a qualidade do ensino na escola básica.

Alias, muitos dos profissionais que ministram disciplinas chaves como metodologias de ensino, prática de ensino, psicologia da aprendizagem jamais atuaram como professor na rede de ensino básico. Portanto, desconhecendo a realidade “nua e crua” da sala de aula, onde estudam crianças e adolescentes.

No tocante a este item, considero parte destas pré-condições mínimas pessoais o tripé: motivação, segurança de conteúdo e comando de classe. Teorias, planejamento, técnicas de ensino são de fácil aprendizagem e domínio, no entanto, se não tiver uma base sólida no tripé mencionado, fica o professor desprovido da “alma de educador”, se transformando em mais um profissional com título acadêmico, com graves possibilidades de fracasso nas atividades em classe.

Na função de professor de Metodologia de Ensino e de prática de ensino dos cursos de história, ciências sociais, economia e magistério da Universidade Federal de Santa Catarina, por 25 anos, jamais abri mão deste tripé no processo de formação de professores. Costumava afirmar: “ O exercício da função de professor é para quem deseja efetivamente atuar no magistério e quer fazer isto porque gosta. Para que isso ocorra é preciso ter motivação, segurança no conteúdo que vai trabalhar e comando de classe para possibilitar o processo de ensino aprendizagem em classe. Os que querem apenas canudo, como tiveram muitos que ousaram afirmar que queriam apenas se formar e não exercer a função de professor, sugeria procurar outra profissão”.

Os que não apresentavam estas condições mínimas no “estágio prático realizado nas escolas públicas” eram reprovados e convidados a repetirem a experiência no semestre seguinte. Muitos retornaram e foram bem sucedidos. Nunca tive medo do julgamento por reprovar, sempre tive preocupação com a formação de professores, em condições de enfrentar a sala de aula como verdadeiros educadores.


Portanto, ao afirmar que este tripé é fundamental no perfil de um professor, deixo evidenciado que não acredito em profissionais que teimam e fazer de conta que para exercer o magistério no ensino básico, basta ter um canudo, sem a “alma de professor”.

Como alguém que não tem “alma de professor” pode motivar alunos que estão no limite da “liberdade sem medo e sem respeito”?

O mundo do aluno é real, sutentado por experiências acumuladas em um meio sociocultural, que precisa ser estudado por quem deseja produzir novos conhecimentos a partir de informações livrescas fora de seu alcance. Não há milagre que permita esta façanha. É preciso reconhecer que só teremos alguma chance de sucesso em sala de aula, no ensino básico, se exercemos com sabedoria e amor o tripé: motivação, segurança de conteúdo, comando de classe nas relações com os educandos.


Na qualidade de ex-professor de metodologia de ensino e prática de ensino, associado a função de historiador e pesquisador de cultura popular tenho plena consciência que é preciso quebrar os paradigmas acadêmicos do ensino livresco, como único suporte dos conhecimentos a serem trabalhados em classe, para mergulhar na compreensão do mundo do aluno, através da ação interativa escola-comunidade.

As secretarias de educação estaduais e municipais precisam realizar um profundo “mapeamento da cultura popular - “saber ser e saber fazer do povo”, associados aos monumentos: natural-paisagísticos, histórico-arquitetônico e natural-culturais”, envolvendo nas pesquisas de campo os professores que atuam em classe, para produzir o impacto necessário que traga para a realidade da sala de aula da escola do ensino básico, os professores que teimam em se apoiar exclusivamente nos conteúdos livrescos.

A velocidade das novas tecnologias não substituem os valores tradicionais do “saber e saber fazer das comunidades”, ao contrário dão mais significado ainda a estes valores, para assegurar o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

No próximo artigo abordarei “ o papel da cultura popular - saber ser e saber fazer” na dinâmica da sala de aula”.

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1 Comments:

Anonymous JulianaSphynx disse...

Todos deveriam ter a iniciativa de entrar em sala de aula cumprindo os quatro pilares da educação. Não teríamos tantos papagaios como professores e nem tantas marionetes como alunos!

terça-feira, 22 setembro, 2009  

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